O humorista Ary Toledo morreu, aos 87 anos, neste sábado (12), por volta das 8h, no Hospital Sírio-Libanês, segundo a RECORD. A informação foi divulgada em seu perfil no Instagram. De acordo como boletim médico, ele foi vítima de uma pneumonia.
O corpo será velado em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. A cerimônia de despedida está marcada para as 19h. Toledo tinha mais de 65 mil piadas em seu repertório.
“Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós... Sentiremos a sua falta, Mestre”, informa a publicação.
Toledo já havia sido hospitalizado em julho deste ano.
Trajetória
Ary Toledo nasceu em Martinópolis, no interior de São Paulo, em 1937. Ele se mudou para a capital paulista aos 22, quando começou a carreira de ator no Teatro Arena.
Antes de se tornar um dos maiores colecionadores de piadas do mundo, ele costumava fazer shows com um violão. Sua primeira canção data ainda da década de 1960, quando lançou o LP Tiradentes. Projetou-se para o sucesso com a música Pau de Arara, composta por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra.
O comediante chegou a ser preso três vezes. Em uma de suas apresentações, disse: “Quem não tem cão caça com gato e quem não tem gato cassa com ato”, referindo-se ao Ato Institucional 5. Foi preso imediatamente e logo liberado devido ao carisma que tinha, inclusive, junto aos opressores.
Aconselhado pelos amigos Elis Regina e Vinicius de Moraes, Toledo deixou a música de lado e seguiu a carreira de humorista.
Mestre no assunto, Ary contou ao R7, em 2017, seu método de criação.
A piada nasce de um fato social. Você assiste a uma cena: por exemplo, uma pessoa leva um tombo. Você comenta com outra pessoa, a outra pessoa comenta com a outra, acrescenta mais alguma coisa e, assim, de acréscimo em acréscimo, aquele fato, que não era piada, acaba virando.
Por mais de cinco décadas, contou piadas de diferentes temas: papagaio, português, criança. Mas seu forte eram histórias com conteúdos obscenos e anedotas baseadas no politicamente incorreto.
Toledo dizia que política era um assunto que rendia piadas “a dar com pau”, mas afirmou que não se sentia bem em “debochar de algo tão sério”.
Em 1968, casou-se com a atriz e diretora de teatro Marly Marley (1938-2014), sua grande companheira de vida. Toledo contou que, apesar do choque, não teve dificuldades em seguir trabalhando após a morte a mulher.
Foi um pedido dela. Antes de partir, ela me disse: “Ary, quero pedir a você que continue seu trabalho, seu ofício, sua profissão. Continue levando o riso às pessoas. Desse jeito, vou ficar contente. Se você parar, vou ficar muito triste”. Então, aquilo me estimulou muito a não sentir tanto esse baque que, queira ou não, balança a gente.
Em vida, o humorista chegou a declarar que gostaria de doar seu acervo de piadas às futuras gerações de comediantes.