Prefeito é preso pela PF em escândalo de vazamento de dados do STJ; veja as mensagens que o incriminaram

Esquema revelado pela operação Sisamnes mostra como funcionário infiltrado no tribunal superior repassava decisões sigilosas antes de serem publicadas

Gazeta Rondônia
30/06/2025 10h27 - Atualizado há 13 horas

Prefeito é preso pela PF em escândalo de vazamento de dados do STJ; veja as mensagens que o incriminaram
Prefeito de Palmas (TO), José Eduardo de Siqueira Campos (Podemos), Foto: Divulgação.

Em uma operação que abalou o cenário político do Tocantins, a Polícia Federal prendeu na última sexta-feira (27) o prefeito de Palmas, José Eduardo de Siqueira Campos (Podemos), acusado de participar de um sofisticado esquema de vazamento de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A operação Sisamnes, que faz referência a um juiz persa executado por corrupção, também resultou na prisão de um advogado e um policial civil.

As mensagens obtidas pela investigação e divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelam a engrenagem do esquema que funcionava há pelo menos um ano e meio. Em comunicações curtas e frequentemente codificadas, o prefeito recebia antecipadamente informações privilegiadas sobre pareceres da Procuradoria Geral da República, decisões judiciais e até mesmo operações policiais que ocorreriam no estado.

A teia de conexões e o modus operandi

O grupo operava de forma estruturada, com papéis bem definidos. O advogado Antônio Ianowich Filho atuava como ponte direta com o Judiciário, enquanto o policial civil Marco Augusto Velasco Albernaz era responsável por consultar sistemas internos para monitorar alvos de investigação. As autoridades suspeitam que um funcionário do gabinete de um ministro do STJ, ainda não identificado, era o responsável por repassar documentos confidenciais ao grupo.

Em uma das mensagens mais comprometedoras enviadas ao prefeito em novembro de 2024, havia o alerta: "Grandes chances de o governador ser afastado amanhã. Confirmado o parecer". Em outro diálogo revelador, quando o prefeito questionou: "Você acha que vai ser amanhã de manhã?", recebeu como resposta: "São 16 homens, 4 equipes da PF. Chegaram por terra".

Decisão do STF e conexões em Brasília

O caso está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal devido ao envolvimento de pessoas com foro privilegiado. O ministro Cristiano Zanin determinou a prisão dos três investigados, o afastamento do prefeito de suas funções e o bloqueio de seus passaportes, destacando a persistência do grupo que continuou com os vazamentos mesmo após operações anteriores realizadas no Tocantins.

Embora o esquema operasse principalmente em Palmas, as conexões em Brasília eram fundamentais para o acesso às informações sigilosas do STJ. As mensagens interceptadas mostram comunicações frequentes entre os investigados, com frases como: "Oi, chefe. STJ andou tudo" e "É uma fonte minha de Brasília. Disse que a decisão sai em horas".

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Impacto institucional e resposta das defesas

O caso levanta sérias preocupações sobre a segurança das informações no Poder Judiciário brasileiro, especialmente em um tribunal superior como o STJ. A operação expõe vulnerabilidades nos sistemas de proteção de dados judiciais e sugere a existência de uma rede organizada para o vazamento dessas informações privilegiadas.

Em nota oficial divulgada pelo Fantástico, a defesa do prefeito afirmou que ele "confia no Poder Judiciário e tem a certeza de que tudo será esclarecido". O policial Marco Albernaz declarou-se inocente e informou que recorrerá da decisão. A defesa de Antônio Ianowich Filho não foi localizada para comentar o caso.

O STJ, por sua vez, informou que não comenta investigações em andamento no STF. A identidade do funcionário do tribunal suspeito de vazar as informações ainda não foi revelada, assim como a extensão total dos documentos acessados pelo grupo.

Histórico político e impacto para Palmas

José Eduardo de Siqueira Campos, filho do ex-governador do Tocantins José Wilson Siqueira Campos, possui uma longa trajetória política. Foi deputado federal, senador e vice-governador antes de assumir a prefeitura de Palmas. Sua prisão representa um forte abalo político na capital tocantinense, especialmente considerando que ele está em seu segundo mandato como prefeito.

A operação Sisamnes continua em andamento, com a possibilidade de novas prisões e revelações nos próximos dias. As investigações buscam agora identificar todos os envolvidos no esquema e a extensão dos vazamentos, que podem ter comprometido diversas operações policiais e decisões judiciais importantes.

Fonte: Painel Político.


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