A injusta prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro

Gazeta Rondônia
04/08/2025 20h12 - Atualizado há 14 horas

Nesta segunda-feira, 4 de agosto de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, devido ao descumprimento de medidas cautelares que o proibiam de usar redes sociais.

O estopim foi uma videochamada promovida pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante protestos em 62 cidades no último domingo, 3 de agosto, na qual Bolsonaro participou, violando as restrições judiciais. A decisão, amplamente debatida, reacende discussões sobre o legado de Bolsonaro, marcado por suspeitas de corrupção, como o caso Fabrício Queiroz, negligência na pandemia, tentativa de golpe de Estado, alinhamento subserviente aos Estados Unidos, desrespeito aos direitos humanos, e um governo que levou o Brasil a um declínio em índices globais e ao status de pária internacional.

Este artigo analisa os eventos que culminaram na prisão, os crimes atribuídos ao ex-presidente, o papel de Queiroz no escândalo das "rachadinhas" e a demanda por justiça, reforçando que o Brasil não vive uma ditadura.

O caso Fabrício Queiroz: A “rachadinha” que abalou o clã Bolsonaro

O caso Fabrício Queiroz é um dos escândalos de corrupção mais emblemáticos do governo Bolsonaro, envolvendo o desvio de fundos públicos por meio da prática conhecida como "rachadinha". Segundo investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro, reportadas pela Folha de S.Paulo e The Brazilian Report, Queiroz, ex-assessor e amigo de longa data de Jair Bolsonaro, operava um esquema no gabinete de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual, entre 2007 e 2018. Funcionários eram obrigados a devolver parte de seus salários, totalizando cerca de R$ 1,2 milhão em movimentações atípicas entre 2016 e 2017, conforme identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Entre as descobertas mais graves, a revista Crusoé revelou, em 2020, que Queiroz depositou 21 cheques, totalizando R$ 89 mil, na conta da então primeira-dama Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016. Jair Bolsonaro justificou os depósitos como pagamento de uma dívida pessoal, mas a ausência de registros bancários comprobatórios levantou suspeitas. Queiroz foi preso em junho de 2020 em Atibaia, São Paulo, na casa do advogado Frederick Wassef, que representava Flávio e Jair Bolsonaro, intensificando a crise política. Ele chegou a ser colocado em prisão domiciliar, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou a medida em 2021, concedendo-lhe liberdade. O caso, ainda em andamento, é apontado como evidência de corrupção sistêmica no entorno de Bolsonaro, contradizendo sua plataforma anticorrupção.

Declínio nos índices globais: O Brasil como pária internacional

Sob Bolsonaro (2019-2022), o Brasil sofreu quedas significativas em indicadores globais. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estagnou, a desigualdade cresceu (IBGE), e o país caiu em rankings de competitividade econômica e liberdade de imprensa, segundo a The Economist e o Financial Times.

O desmatamento na Amazônia aumentou 59,1% (INPE), levando a críticas de líderes como Emmanuel Macron e Joe Biden, que isolaram o Brasil em fóruns como ONU e G20. A BBC destaca que a retórica de Bolsonaro e sua gestão negacionista da pandemia consolidaram o Brasil como um pária internacional, prejudicando parcerias comerciais e diplomáticas.

Corrupção: Outros escândalos além de Queiroz

Além do caso Queiroz, o governo Bolsonaro enfrentou outras denúncias. O escândalo da Covaxin, reportado pelo Estadão, revelou superfaturamento em contratos de vacinas, enquanto o The Intercept Brasil apontou ligações de Bolsonaro com milícias no Rio. O Decreto 9.690/2019, que facilitava a classificação de dados públicos como sigilosos, foi criticado por enfraquecer a transparência, sendo derrubado pelo Congresso. Essas acusações contradizem o discurso anticorrupção que elegeu Bolsonaro, aumentando a pressão por investigações.

Pandemia: Negligência e mortes evitáveis

A gestão da pandemia de Covid-19 por Bolsonaro foi desastrosa. Ele minimizou o vírus, promoveu a cloroquina sem evidências e sabotou o isolamento social, conforme a Reuters e a CNN. O relatório da CPI da Covid, em 2021, recomendou seu indiciamento por crimes como epidemia com resultado morte, apontando que a demora na compra de vacinas contribuiu para mais de 700 mil mortes. A The New York Times destaca que a negligência agravou a crise sanitária, alimentando a indignação pública.

Tentativa de Golpe: O 8 de Janeiro e outros ataques

Bolsonaro é acusado de articular uma tentativa de golpe após sua derrota em 2022. Um relatório da Polícia Federal, noticiado pela Associated Press em 2024, detalha planos para anular as eleições, prender autoridades e assassinar Lula e Alexandre de Moraes. O golpe foi frustrado pela recusa das Forças Armadas de embarcar na empreita, episódio amplamente divulgado pela imprensa.

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Os atos de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram o Congresso, STF e Palácio do Planalto, foram precedidos por outros episódios, como a tentativa de atentado no Aeroporto de Brasília em dezembro de 2022 e ameaças ao STF em 7 de setembro de 2021, conforme a GloboNews.

Esses eventos evidenciam a ameaça à democracia.

Entreguismo aos EUA: Soberania em risco

Bolsonaro alinhou-se aos EUA, especialmente sob Trump, em detrimento da soberania brasileira. A Deutsche Welle aponta a entrega de dados da Amazônia e a liberação de vistos sem reciprocidade. Desde 2025, Eduardo Bolsonaro, nos EUA, articula sanções contra o STF, com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, segundo o The Washington Post.

O governo Lula classificou essas ações como uma afronta à soberania.

Desrespeito aos Direitos Humanos: Isolamento global

Bolsonaro ignorou recomendações da ONU sobre direitos indígenas e desmatamento, conforme a Human Rights Watch. Declarações racistas e homofóbicas, reportadas pelo El País, geraram condenações internacionais. Sua retórica contra ONGs e organismos como a OEA enfraqueceu a posição do Brasil globalmente, segundo a Foreign Policy.

Motociatas e Jet Skis: Um governo inativo

Enquanto o Brasil enfrentava crises, Bolsonaro participou de mais de 50 motociatas, custando milhões, e passeios de jet ski, segundo o UOL e o G1. Essas ações, para analistas como Maria Hermínia Tavares, refletem a ausência de um projeto de governo, focado em mobilizar sua base eleitoral.

A prisão domiciliar: Nikolas Ferreira e o estopim

A prisão domiciliar de Bolsonaro, em 4 de agosto de 2025, foi desencadeada por uma videochamada de Nikolas Ferreira durante protestos, violando medidas cautelares. Postagens no X indicam que o vídeo, apagado por Flávio Bolsonaro, foi decisivo. Aliados como Ferreira chamaram a decisão de "arbitrária", enquanto opositores, como Marina Silva, a veem como um passo contra a impunidade.

O Brasil não vive uma ditadura

Apesar das alegações de bolsonaristas, o Brasil mantém uma democracia funcional, com instituições ativas e liberdade de imprensa, conforme Steven Levitsky na Foreign Policy. A prisão de Bolsonaro é baseada em infrações judiciais, não em autoritarismo, refletindo a força do Estado de Direito.

Justiça além da prisão

A sociedade, apoiada por líderes como Gleisi Hoffmann, exige que Bolsonaro responda por corrupção, negligência e tentativa de golpe. Seu julgamento, previsto para 2025, pode levar a até 43 anos de prisão, segundo a Reuters. Os eventos de 8 de janeiro, o atentado em Brasília e as ameaças a autoridades reforçam a necessidade de responsabilização.

A prisão de Bolsonaro intensifica a polarização. Aliados como Silas Malafaia denunciam perseguição, enquanto opositores como Ciro Gomes celebram a justiça. A tensão com os EUA exige equilíbrio entre justiça e estabilidade.

Fonte: Painel Político.


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