Na capital do Pará, hospital oncológico comemora a alta médica de crianças e adolescentes com um sino. O gesto das “badaladas” também representa a esperança pela recuperação de outros pacientes
O som de um sino no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, na capital do Pará, tem um significado especial. As badaladas anunciam a comemoração e chamam à atenção de todo o time de profissionais e de outros pacientes para o fim de um ciclo na batalha contra o câncer. Trata-se de uma cerimônia para celebrar a alta médica, marcada por emoção e agradecimento.
O jovem Jhonata Trindade, de 11 anos, morador do Bairro Jurunas, em Belém recebeu a melhor noticia. A ida ao consultório ambulatorial tornou-se o momento mais feliz de sua vida. Após cinco anos em acompanhamento devido a um linfoma, ele foi avaliado como recuperado da doença.
Jhonata foi o 50º paciente a fazer parte do projeto “Sino da Vitória”, que foi implantado em 2019 pelo Escritório de Experiência do Paciente do Oncológico Infantil. A iniciativa celebra histórias de superação do câncer, recomeços e trazem esperança a outros pacientes internados, além de traduzir os esforços de profissionais que atuam na assistência de crianças e adolescentes.
Em 2014, quando tinha quatro anos, Jhonata foi diagnosticado com um câncer que atacava o sistema linfático, responsável por produzir e amadurecer as células de defesa do organismo. Ele fez tratamento até maio de 2016 e estava em acompanhamento ambulatorial, realizando exames e consultas periódicas com oncopediatras.
“Estou me sentindo feliz por esse momento. Eu venci essa batalha. Agradeço a Deus e a todos os médicos por terem cuidado de mim”, disse o jovem com os olhos cheios de lágrimas após badalar o sino que representa um novo começo também para a família. "Estou muito feliz pelo meu filho, porque ele está curado. Passamos por uma luta que não foi fácil, tivemos o apoio de toda nossa família. Agradeço a Deus e a todos os profissionais do hospital. Sou só gratidão", disse a mãe Marcela Trindade.
Um dia muito esperado
Atualmente, o Oncológico Infantil Octávio Lobo atende 439 pacientes que recebem tratamento quimioterápico. A unidade realiza o acompanhamento ambulatorial de outros 140 jovens que aguardam pela tão esperada notícia da alta médica.
O hospital, referência no norte do Brasil no tratamento oncológico de crianças e jovens, de 0 a 19 anos, é gerenciado desde a sua inauguração em 2015 pela entidade filantrópica Pró-Saúde, por meio de contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa).
Neste ano, a unidade já realizou cerca de 330 mil atendimentos envolvendo internações, cirurgias, exames e consultas ambulatoriais. Um dos pacientes atendidos foi o jovem Mikael Silva, de 12 anos.
Natural de Belém, Mikael também recebeu a notícia mais aguardada desde o início do seu tratamento contra uma leucemia. O menino e sua mãe, Gerciane Oliveira, passaram por uma consulta de acompanhamento com o oncopediatra.
No momento da consulta, mesmo sem entender direito, ele foi informado que iria bater o sino. Na brinquedoteca do hospital, Mikael e sua mãe foram recepcionados com a ação do “Sino da Vitória”. O paciente começou a se dar conta daquele momento quando passou a tocar o sino, um pouco menor, andando por todos os andares e sendo homenageado pelos colaboradores com palmas. Na volta pelos andares, até chegar ao térreo, ele bateu um outro sino, dessa vez maior e fixado na parede.
Foi nesse momento que ele conseguiu expressar o seu sentimento. “Muito obrigado por tudo. Hoje foi um dia muito esperado. Obrigado, meu Deus”, disse.
A última badalada executada pelo menino deixou a sua mãe, que carregava uma placa com a frase “Eu venci o câncer” extremamente emocionada. Ela não conseguiu falar, mas expressou sua alegria com um choro de felicidade, o que comoveu também os colaboradores que vibraram com aplausos.
Esperança e superação
Para Renata Barra, oncologista do hospital, o projeto representa a força da vida e da esperança, tornando-se um símbolo da luta de crianças e familiares, mas principalmente de amor e dedicação.
“São diversos os momentos no tratamento de um paciente oncológico. Muitos deles carregados de dúvidas, medos e de bastante abnegação. O encerramento desse ciclo, com alta médica, traz um alívio e felicidades, simbolizando superação da vida, incentivando outros pacientes a terem esperança”, explica.
Renata acrescenta que o paciente oncológico infantil depois que finaliza o tratamento terapêutico é acompanhado por mais cinco anos. “Ao final desse período, se não apresentar nenhuma intercorrência pela doença, é considerado recuperado, recebendo assim a alta ambulatorial”, destaca.
O diretor Hospitalar, Fábio Machado, ressalta que a unidade oferece especialidades e atendimentos multiprofissionais importantes para o tratamento contra o câncer. “No Oncológico Infantil temos serviços de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, serviço social, entre outros. E especialidades que conferem ao hospital um lugar de destaque no que se refere ao atendimento e responsabilidade com vidas”, finaliza.
As especialidades atendidas pelo hospital são Oncologia Pediátrica, Pediatria, Cirurgia Pediátrica, Traumato-ortopedia, Oftalmologia, Neurocirurgia, Cirurgia Plástica, Cirurgia Torácica, Nefropediatria e Cuidados Paliativos.
Texto e Foto: Comunicação Pró-Saúde.