A Promotoria de Justiça de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, instaurou um procedimento para investigar o caso de uma criança que compareceu a uma festa de Dia das Bruxas realizada em uma escola particular com fantasia do líder nazista Adolf Hitler.
O episódio gerou repercussão na internet após uma foto publicada nas redes sociais do Colégio Cotiguara. Na imagem, o menino aparece com a franja e o bigode que o líder nazista usava e deixa evidente a região do antebraço, em que está fixada a suástica, símbolo do movimento ideológico.
Apologia ao nazismo é crime no Brasil, conforme a lei 7.716/1989. O colégio fez um pedido de desculpas pelo incidente (leia mais abaixo). O promotor de Justiça Marcos Akira Mizusaki, que integra o Geduc (Grupo de Atuação Especial de Educação), afirmou que ouvirá os responsáveis e a direção da escola para esclarecer o ocorrido. Segundo Mizusaki, o caso pode caracterizar responsabilidade civil ou criminal, mas adotará cautela no procedimento para preservar a imagem da criança envolvida.
É preciso cuidado para não expor desnecessariamente a criança, que pode ficar traumatizada ou ser tachada sem nenhuma culpa pela eventual inocência ou irresponsabilidade dos pais e da escola.Marcos Akira Mizusaki, promotor de Justiça O delegado da Polícia Civil Celso Marques Caldeira comunicou que, até o ontem, o caso ainda não havia sido levado para a CPJ (Central de Polícia Judiciária).
O episódio também chegou ao conhecimento da deputada federal reeleita Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que é natural de Presidente Prudente. Em uma publicação feita no Twitter, a parlamentar informou que "nosso mandato já está tomando providências para que os responsáveis por esse absurdo prestem esclarecimentos e sejam responsabilizados"
Pedido de desculpas O colégio usou as suas redes sociais para publicar uma nota de esclarecimento sobre o fato. Segundo a instituição, a festa temática, designada como "Noite do Terror", foi realizada em alusão ao Dia das Bruxas, na quarta-feira (26) e contou com a participação dos estudantes do ensino fundamental 1. "[Na ocasião] Sem prévio conhecimento desta escola, um dos alunos compareceu caracterizado como Adolf Hiltler, o que, no contexto do encontro, retrataria o horror que essa figura representou historicamente", argumentou a escola.
A direção da unidade afirmou reconhecer que houve "um grave erro" ao se permitir a participação do aluno com a aludida caracterização, disse disse lamentar profundamente o ocorrido e se desculpou, citando as vítimas do Holocausto. "Essa tragédia da humanidade não pode ser esquecida e, independentemente do contexto, não deve ser associada ou inserida em qualquer ambiente ou ocasião que não seja para remarcar e condenar essa barbárie", acrescenta a nota da instituição.
O colégio disse que realizará ação de esclarecimento direcionada aos seus alunos e aos familiares deles com o propósito pedagógico de rememorar as graves atrocidades e os crimes cometidos pelo regime nazista contra a humanidade. Fonte: Uol