A empresa Primavera Tur Transportes, acusada pela Advocacia-Geral da União (AGU) de patrocinar os golpistas que promoveram o quebra-quebra nos prédios dos Três Poderes da República em 8 de janeiro, pegou R$ 300 mil emprestados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2022.
A Primavera Tur fez financiamento com o banco público por duas vezes, a primeira em abril de 2022, quando a instituição disponibilizou R$ 250 mil; a segunda em novembro, quando a empresa pegou outros R$ 50 mil. O dinheiro foi obtido de forma indireta, como o BNDES não tem agências, as empresas pegam o dinheiro com instituições parceiras do banco público, que assume o risco de não pagamento.
Com o objetivo de garantir que as despesas causadas pelos terroristas em 8 de janeiro seja paga, a AGU pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o bloqueio de bens dos chamados financiadores. Agora, a Primavera Tur precisa ressarcir os cofres públicos duas vezes, pelo financiamento feito com o BNDES e pelos prejuízos causados pelos vândalos na capital federal.
O dono da empresa, Weder Marcos Alves, afirmou à reportagem do Metrópoles estar preocupado com a situação da companhia. Segundo conta Alves, a Primavera Tur foi enquadrada como financiadora de atos golpistas de forma errada: na verdade quem teria organizado o transporte teria sido um amigo dele, que colocou o CPF do dono da empresa na nota fiscal.
“Só porque uma nota fiscal foi tirada errada eu fui enquadrado nesse negócio aí”, lamenta. O empresário afirma que não vai conseguir pagar as dívidas, já que o único ônibus da empresa foi apreendido pela Justiça. “Não sei como vamos fazer pra pagar o BNDES não, cara. Eu estou desesperado. Sou um prestador de serviços, está tudo parado, no vermelho”, desespera-se.
A empresa, baseada no município de Primavera do Leste (MT), tem capital social de R$ 785 mil. O dono da companhia espera que a Justiça reconsidere a acusação. “Meu advogado preparou minha defesa, ajeitou todos os papéis. Só pra você ter uma noção, faz quatro eleições que não voto em ninguém, não tenho lado. Quem mexe com turismo não pode ter preferência ou partido”, afirma Weder.
Procurado, o BNDES afirmou que é obrigatório às empresas que tomam dinheiro com o banco que não obtenham vantagem indevida nem pratiquem infrações ou crimes, inclusive de “terrorismo ou financiamento ao terrorismo, previstos na legislação nacional e/ou estrangeira aplicável”. “Em caso de descumprimento da obrigação acima, com decisão transitada em jugado, o BNDES executa o vencimento antecipado da operação, aplicando eventuais penalidades que sejam cabíveis”, afirmou o banco.