11/09/2024 às 14h59min - Atualizada em 11/09/2024 às 14h59min

Marido de deputada é preso com R$ 500 mil escondidos na cueca, há suspeita de compra de votos

Gazeta Rondônia

Marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB), empresário do ramo de transportes, dono da empresa Asatur e da companhia de aviação Voare Táxi Aéreo, que presta serviços de voos na emergência sanitária da Terra Yanomami. Renildo Evangelista Lima, de 55 anos, foi flagrado pela Polícia Federal com R$ 500 mil junto com outra cinco pessoas.

Renildo é um dos maiores empresários do ramo do transporte em Roraima - a Voare, inclusive, é a única empresa de aviação e táxi aéreo que atua no estado. Ele também é dono de uma empresa que prestou serviços de transporte escolar para o Governo de Roraima, a JW Serviços, em 2022.

Juntas, as três empresas de Renildo são avaliadas em R$ 42 milhões. O empresário foi preso com outras cinco pessoas por suspeita de compra de votos, mas todos ganharam liberdade na audiência de custódia realizada na 1ª Zona Eleitoral.

Saiba mais sobre quem é Renildo Lima abaixo:

Renildo Lima é casado com a deputada federal Maria Helena Teixeira Lima, de 48 anos, conhecida como Helena da Asatur, em referência à empresa comandada pelos dois. Juntos, eles têm cinco filhos, quatro mulheres e um homem. Ela foi eleita em 2022 com 15.848 votos, segunda mais votada na disputa e única mulher representando Roraima na Câmara dos Deputados.

Nas redes sociais, Renildo publica constantes declarações à esposa. No aniversário dela, o empresário a chamou de "parceira de vida" e disse que desde que a conheceu "cada desafio que enfrentamos juntos fortaleceu nosso amor e nossa cumplicidade". Na carreira política, Renildo diz que a esposa tem "uma história de fé, amor e perseverança".

Renildo também publica vídeos com edições e fotos dele com a esposa. Em um deles, com imagens antigas e recentes, ele mostra o afeto por Helena com a música "De Janeiro a Janeiro" de Roberta Campos e Nando Reis.

Helena da Asatur, por sua vez, também publica constantes declarações ao marido. No aniversário de Renildo, ela descreve o relacionamento como "jornada de amor, parceria e incontáveis aventuras", destacando que o apoio do empresário é "inabalável". "Seu apoio inabalável e amor profundo são as bases do nosso lar e de tudo que construímos juntos".

"Renildo, você é mais do que um marido; é um companheiro de vida, amigo e confidente. Seu caráter, força e bondade refletem a graça de Deus em nossa vida. Hoje, celebramos você e a luz que traz para nossas vidas, iluminado sempre pela fé que compartilhamos", disse a deputada federal Helena da Asatur em declaração de amor por Renildo Lima nas redes sociais.

Dono da única empresa de táxi aéreo de Roraima

Renildo Lima é considerado um dos maiores empresários do transporte em Roraima. A Voare é a única empresa que presta serviços de táxi aéreo no estado.

No site oficial da companhia consta como "clientes e parceiros" organizações como o Instituto Socioambiental (ISA) e a Hutukara Associação Yanomami; além de instituições como a Universidade Federal de Roraima (UFRR), o Distrito de Saúde Indígena Leste (Dsei Leste), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério da Saúde.

Conforme registrado no site da Receita Federal, a empresa é avaliada R$ 25,9 milhões. A Voare se descreve como "uma empresa genuinamente roraimense especializada no transporte aéreo", destacando que desde 2017 está "sob nova direção" investindo em "equipe, infraestrutura, tecnologia e aeronaves para transporte de pessoas, cargas convencionais, cargas perigosas e serviços aeromédicos; com operação em aeródromo próprio".

Desde que foi declarada a emergência sanitária Yanomami, a Voare presta o serviço para a Saúde resgatando indígenas da região -- que só pode ser acessada por aviões -- e levando para Boa Vista, onde recebem atendimentos médicos.

No dia 1º de março de 2023, foi divulgado no Diário Oficial da União (DOU) que a Funai fechou um contrato de caráter emergencial com a empresa no valor de R$ 17,7 milhões para "subsidiar a logística das ações destinadas ao enfrentamento da emergência" na saúde Yanomami. O contrato ficou válido até janeiro de 2024.

Na frota, a empresa tem aeronaves de quatro modelos, sendo a maior delas capaz de levar nove passageiros. Uma dessas aeronaves é um helicóptero conhecido como "Esquilo". A Voare também conta com aviões de atendimento médico e UTI aérea.

O G1 procurou as instituições citadas e aguarda resposta sobre a relação com a Voare.

Empresa de transporte tradicional em Roraima

A Asatur é uma das empresas de transporte mais tradicionais em Roraima, com especialidade na rota Boa Vista - Manaus, no Amazonas, pela BR-174. Criada em 2001, é uma "empresa irmã" da Asatur Turismo. Além disso, presta serviços como fretamento e locação de veículos.

A empresa é avaliada em R$ 11,1 milhões e tem Renildo como sócio majoritário, função que divide com uma filha de Helena. No site da empresa, a informações é de que há 10 agências espalhadas por Roraima -- na capital e nos municípios.

Em maio de 2022, foi divulgado no Diário Oficial de Roraima (DOE) que a Asatur fechou um contrato de mais de R$ 3 milhões com a Secretaria de Educação do estado (Seed) para transporte escolar na zona Rural de municípios do estado em vias pavimentadas, não pavimentadas e vicinais - e Renildo aparece como representante da empresa contratada.

Na publicação, assinada pelo então secretário da Seed, Raimundo Nonato, consta que a empresa contratada foi a Asatur Transportes, mas o CNPJ informado é o da empresa JW Serviços -- terceira empresa de Renildo em que a atividade principal é a de serviços gerais. A empresa é avaliada em R$ 5 milhões.

O G1 procurou a Seed e questionou se ainda há contratos vigentes com a Asatur ou com JW Serviços, mas não obteve resposta até a última atualização.

A Asatur também é patrocinadora de um clube de futebol roraimense. A empresa também patrocina o campeonato de futebol roraimense -- tendo inclusive mudado o nome da disputa para Campeonato Roraimense Asatur 2024.

Renildo Lima foi preso com outras cinco pessoas que também foram soltas na audiência de custódia. Entre os presos estava uma advogada e dois policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Os seis foram flagrados pela PF após uma denúncia sobre crime eleitoral.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) chegou a pedir a prisão preventiva de Renildo ou que fosse aplicada fiança de R$ 60 mil, mas a Justiça não acatou.

No pedido de prisão preventiva, o MPE destacou a gravidade do caso por se tratar de um alto valor em espécie junto com anotações e materiais de campanha de candidatos, além de trocas de mensagens com candidatos de outras cidades, o que configuraria o crime eleitoral.

O advogado do empresário Renildo Lima afirmou em entrevista ao G1, nesta quarta-feira (11), que o montante apreendido seria usado para comprar imóveis e que algumas notas foram colocadas "na cintura" porque não cabia na bolsa levada ao banco.

Parte do dinheiro apreendido estava na cueca de Renildo quando a PF o abordou logo após saque. O advogado Hamilton Feitosa afirmou que Renildo colocou o dinheiro "na cintura" porque, por questões de segurança, ele não podia sair da agência bancária "com o dinheiro em mãos."

Fonte: G1.


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