Idosa considerada ‘a maior estelionatária do Brasil’ deixa a prisão após 30 anos de reclusão

Gazeta Rondônia
26/09/2025 15h30 - Atualizado há 2 horas

Conhecida nos meios policiais como “a maior estelionatária do Brasil”, a idosa Dominique Cristina Scharf, 65 anos, deixou a Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Ela passou 30 anos presa.

Durante o período em que esteve em Tremembé, Dominique conviveu com presas famosas, como Suzane Richthofen e Elize Matsunaga, mas dizia não ter nenhuma afinidade com crimes violentos. Ficou conhecida também como a “Dama do Cárcere”.

Ela figura em 44 processos, incluindo recursos, no Tribunal de Justiça de São Paulo e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 2016, atendendo a uma consulta da própria detenta, o Departamento de Execuções Criminais informou que sua pena somada era de 57 anos, 11 meses e 10 dias.

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que Dominique é egressa da Penitenciária Feminina I de Tremembé desde junho de 2025, em virtude de progressão ao regime aberto concedido pela Justiça. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) confirmou que Dominique obteve progressão para o regime aberto no dia 27 de junho deste ano. As condições impostas ao regime semiaberto são:

  • recolhimento noturno
  • comparecimento periódico ao juízo
  • proibição de se ausentar da comarca sem autorização
  • obrigação de exercer atividade de trabalho ou estudo

Filha de pai americano e mãe alemã, Dominique nasceu em 1960 e estudou em escolas da elite paulistana. Ela começou a praticar pequenos crimes, como furtos em lojas e butiques. Com a morte do pai, ela se afastou da mãe.

Aos 21 anos de idade, no início da década de 1980, ela foi presa pela primeira vez. Os inúmeros inquéritos dão conta de que ela falsificava cheques, vendia joias falsas como verdadeiras e abria crediários com documentos adulterados.

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Os crimes passaram a ficar sofisticados e incluíram até os chamados golpes de amor: ela cativava homens casados ricos e marcava encontro em hotéis. Eles eram fotografados enquanto dormiam nus e ela usava as fotos para praticar extorsão. A mulher também furtava talões de cheque e utilizava em fraudes financeiras.

A polícia paulistana passou a tratá-la como uma golpista refinada e astuciosa. Os processos foram se acumulando. Ela chegou a ser acusada de integrar uma quadrilha que roubava carros em São Paulo e enviava para o Paraguai.

Em 2003, foi acusada de assaltar um vendedor de joias à mão armada e acabou denunciada por tentativa de homicídio. Em júri popular, foi condenada a 12 anos de prisão. Durante o julgamento, se defendeu alegando que o joalheiro não se feriu e ela “nunca havia matado uma mosca”, bordão do qual se orgulhava na prisão.

Em 2006, Dominique fugiu da cadeia. Ela foi recapturada e transferida. Um ano depois, protagonizou uma fuga espetacular da prisão em Ribeirão Preto, escalando a muralha de 6 metros da penitenciária agarrada a um pé de maracujá. Ao saltar para o outro lado, acabou quebrando uma perna.

Dados dos processos mostram que Dominique travou uma luta jurídica para conseguir a progressão de regime, negada devido à “reiterada prática de crimes graves e pelo registro de infrações disciplinares graves no cumprimento da pena”, como assinalou o TJ ao indeferir um dos habeas corpus apresentados por sua defesa. Em 2020, durante a pandemia, ela invocou sua idade (60 anos) para requerer prisão domiciliar, mas o pedido foi negado.

O advogado Marcio Pereira de Faria Vieira, que atuou quase três anos na defesa de Dominique e também trabalhou com outras presas famosas, como Suzane Richthofen, diz ao Estadão que o caso dela é emblemático.

“Em muitos anos de advocacia criminal, nunca vi uma pessoa com o perfil dela cumprir tantos anos de pena sem progressão.” Na prisão, Dominique realizou trabalhos de costura e de tricô e se tornou experiente nesses ofícios.

Fonte: MSN.


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