Entenda em 12 passos o caminho do dinheiro no esquema do INSS

Gazeta Rondônia
27/09/2025 23h52 - Atualizado há 3 horas

Os senadores Sergio Moro (União-PR) e Fabiano Contarato (PT-ES), respectivamente ex-juiz e ex-delegado, encurralaram o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, na sessão de quinta-feira, 25, da CPMI que investiga a farra dos descontos em aposentadorias e pensões.

1. Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) dá procuração ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, agora apelidado de Careca do INSS, para celebrar Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com INSS.

2. Após a celebrar ACT, Ambec salta de 135 reais de arrecadação para 16 milhões.

3. Ambec transfere 11 milhões de reais para a Prospect, empresa do Careca do INSS.

4. Empresas do Careca do INSS fazem pagamentos de 7,5 milhões de reais a empresas da médica endocrinologista Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do então procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho.

5. Virgílio foi quem tomou uma série de medidas no INSS para garantir a possibilidade de desconto em folha de pagamento de aposentados e pensionistas, sob a alegação de que o bloqueio levaria à ampliação das filas nas agências.

6. Segundo a PF, Virgilio “teve um incremento patrimonial de R$ 18.330.145,18 advindo da ‘farra do INSS'”.

7. Questionado na CPMI sobre o serviço prestado pelas empresas da esposa de Virgílio, para justificar o pagamento de 7,5 milhões de reais, o Careca do INSS respondeu: “Material intelectual da área médica voltado a um futuro projeto que eu tenho para o aplicativo com aposentados”.

8.“Ele debocha dessa comissão”, rebateu o senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz. “É subestimar a capacidade intelectual dessa comissão”, emendou o senador Fabiano Contarato (PT-ES), ex-delegado. Os vídeos com os trechos até este item foram exibidos no Papo Antagonista de quinta-feira, 25, como se pode ver a partir de 23min20seg da íntegra disponível aqui. * Os vídeos com os trechos dos próximos itens podem ser vistos neste link do programa desta sexta-feira, 26, e no fim desta matéria.

9. Moro, ao interrogar o Careca do INSS, questionou sobre detalhes dos serviços alegadamente prestados por uma empresa de Thaisa Hoffmann Jonasson e não se satisfez com as respostas lacônicas. “É uma empresa de fachada”, disse o senador. “Isso eu não vou deixar, eu não vou admitir”, reagiu o advogado do lobista. O clima esquentou, mas a sessão prosseguiu.

10. Moro também fez perguntas específicas sobre a relação pessoal e financeira do lobista com Eric Douglas Martins Fidelis, filho de André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS no governo Lula. André é suspeito de receber dinheiro em troca de autorizações para que associações e sindicatos fizessem o desconto indevido em aposentadorias e pensões.

11. Insatisfeito com as alegações do Careca do INSS, o senador concluiu:

“Estamos diante do maior roubo da história dos aposentados e pensionistas do INSS. Gente vulnerável, o órfão, a viúva, pessoas de idade foram lesadas aos milhares.

A minha percepção aqui, apesar de o senhor chegar e tentar desenvolver uma boa história, que o fluxo financeiro, o ‘follow the money’, acaba com o seu álibi.

O senhor destinou valores milionários a empresas controladas por familiares de funcionários do INSS que ajudaram a montar essa fraude. E o senhor aqui, me desculpe, o senhor não tem a comprovação desses serviços. O senhor conta uma história aqui que é vazia, que não tem nenhuma substância. O senhor acabou de conhecer a Thaisa [Hoffmann Jonasson] e pagou pra ela 7 milhões. E a sua empresa de cannabis pagou 5 milhões. E o senhor [nem] sequer se recorda.

Isso aqui, vamos falar a verdade, é propina, suborno pro doutor Virgílio e depois pro André Félix Fidelis. Não sei pra mais quem que o senhor pagou propina, ou suborno, aqui nesse caso, mas o senhor não tem direito de vir aqui perante essa comissão e debochar de nós e debochar da população brasileira contando essas histórias.

Eu vou lembrar um nome pra você aqui Marcos Valério. Ele foi o operador central do caso do mensalão, que foi o primeiro escândalo do governo Lula. Ele pagou o pato. Ele ficou calado, não colaborou, foi condenado a 37 anos de prisão, enquanto pessoas para as quais ele pagou suborno, algumas ficaram menos de 1 ano presas.

Então rogo aqui ao senhor e também sugiro ao seu advogado que comece a pensar em colaborar. Porque o senhor está preso.

O ministro André Mendonça é um ministro firme. Não acredito que ele vá revogar diante de tantas evidências e a magnitude desse escândalo financeiro, a sua saída para esse caso é unicamente a colaboração. Porque a sua história, o seu álibi, não converge com os fatos e com os documentos. É isso, senhor presidente.”

12. O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, como mostramos, votou nesta sexta-feira, 26, para manter a prisão preventiva do Careca do INSS, efetivada em 12 de setembro.

Fonte: O Antagonista.


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