Filho de Marimop Suruí (líder do clã Gamebey) e de Weytã Suruí, Almir Narayamoga Suruí estará na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no dia 27 de março. Ele vai apresentar o "Plano de Gestão Territorial Suruí Paiter: Sustentabilidade e Preservação na Amazônia Brasileira", que foi agraciado com o Prêmio Nobel Verde em 2023.
Almir venceu na categoria Responsabilidade Social e Governança, por ter desenvolvido o Projeto Pamine (Renascer da Floresta), responsável pelo plantio de mais de 1.5 milhão de mudas, em uma área que havia sido devastada do Território Sete de Setembro, localizada nos estados de Rondônia e Mato Grasso, onde vivem os indígenas de sua etnia.
A proposta deste evento, promovido pelo Museu dos Povos Indígenas da Universidade Federal de Uberlândia (Musíndio/UFU), é conhecer os sistemas de defesa, desenvolvidos no território Paiter Suruí, a partir da resistência indígena, utilizando monitoramento contra a invasão, desmatamento e incêndios provocados por não indígenas. Essa prática permanente e participativa, realizada em terras indígenas de todo o estado de Rondônia, concilia sensoriamento remoto com ações em campo promovidas pelos próprios indígenas.
Coordenadora do Musíndio, Lídia Meireles, declara que os povos indígenas sempre foram ameaçados pela invasão de seus territórios; sobretudo, na Amazônia: "Em nome do progresso, a ocupação desenfreada e predatória tem consumido o que resta do bioma. Aos povos indígenas, compete a dura luta em defesa de sua terra. Não é exagero afirmar que, ao garantir a demarcação e homologação dos territórios indígenas, assegura-se a preservação do meio ambiente.”
A palestra será no Bloco 5O-D do Campus Santa Mônica, a partir das 9h. Segundo a coordenadora, “o maior responsável por este plano de gestão é Almir Suruí, liderança tradicional deste povo indígena, e, que há muitos anos enfrenta este desafio". Ela manifesta convicção de que este tema despertará o interesse de alunos, professores e demais envolvidos. "Trata-se, portanto, de um conteúdo de reflexão muito interessante para os profissionais do Direito, da Biologia, Geografia, História, Ciências Sociais e demais áreas do conhecimento envolvidas”, enumera.
As inscrições são feitas com o preenchimento de um formulário eletrônico. Haverá emissão de certificados.
Sobre Almir Suruí
Almir Suruí nasceu na aldeia Lapetanha na Terra Indígena Sete de Setembro, no município de Cacoal (RO). O contato do povo Paiter Suruí com os não indígenas, que migraram para a região norte do país, aconteceu na década de 70, causando inúmeros impactos sociais, culturais e ambientais para todos os povos indígenas da região.
Pertencente ao Gamebey, clã de guerreiros que, historicamente, tem a função de criar estratégias e liderar iniciativas para benefício do seu povo, desde cedo Almir percebia a necessidade de lutar e defender as necessidades dos Povos Indígenas e a qualidade de vida digna. A vontade de construir um futuro em harmonia com a natureza, com suas raízes e saberes, levou à busca de um desenvolvimento sustentável dentro da sua comunidade. Com o incentivo de seu pai, saiu de sua aldeia com 15 anos para aprender a falar melhor o Português, conhecer as leis não indígenas, os direitos indígenas, os códigos dos “brancos” e, assim, lutar pela defesa de seu povo, integridade de seu território e proteção da natureza. Desde então, tornou-se liderança reconhecida, internacionalmente, como referência na luta pela proteção da biodiversidade e integridade do ecossistema amazônico. Já palestrou em diversos países, sobre temas ligados à sustentabilidade.
Fonte: Eliane Moreira - Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia.