A região de Cerejeiras é um dos polos econômicos de maiores oportunidades de negócios de Rondônia.
Com forte vocação para o agro, sobretudo a agricultura de precisão, a região tem visto florescer negócios de todos os setores, que comercializam uma infinidade de produtos e oferecem uma variedade de serviços.
E em nenhum lugar este polo produtivo é mais evidente que o Parque Industrial de Cerejeiras, situado no km 5 da BR-435, sentido Corumbiara.
Durante uma semana, ou autor desta reportagem foi ao parque todos os dias, conversou com empreendedores que investiram no local, buscou informações nos órgãos oficiais e dialogou com gestores públicos.
O resultado é a reportagem que se segue.
Mas esperamos mesmo que este trabalho produza um fruto mais nobre. O que esperamos é que esta reportagem possa causar outra série de implicações, dentre elas: 1) que mais pessoas conheçam o Parque Industrial de Cerejeiras (pelo menos sabendo onde fica); 2) que os gestores públicos intensifiquem os investimentos no local; 3) que empreendedores enxerguem as oportunidades de negócios em investir no parque.
O nome oficial do local é Parque Industrial Aurélio Milioransa.
A ideia do parque começou a se formar por volta de 2010 entre os diretores da Associação Empresarial de Cerejeiras (ACIC) da época.
Antes disso, o local era um terreno baldio e cheio de mato, pertencente ao município.
No início da década de 2000, o então prefeito José Eugênio Zigue adquiriu a propriedade com o projeto de montar um aeroporto internacional. Visto de hoje, parece um absurdo. Mas na época discutia-se esta possibilidade, pois a região de Cerejeiras é fronteiriça com países andinos e o governo federal cogitava esta ideia.
A ideia do aeroporto não vingou. Foi aí que os diretores da ACIC sugeriram que a propriedade se tornasse um parque industrial.
Os gestores públicos na época, especialmente o então prefeito Airton Gomes, que tomou posse em 2012, ouviu os empresários levou a ideia à prática. A propriedade foi repartida em lotes, foi transformada a área rural em área urbana e foram colocados os terrenos à venda.
Mas uma denúncia no Tribunal de Contas do Estado de Rondônia travou a venda dos terrenos no parque por quase dois anos. Depois, com a liberação judicial (mediante um novo modelo de venda dos terrenos), o parque foi efetivamente liberado.
O Parque Industrial de Cerejeiras tem 28 lotes, de 50 por 600 metros quadrados. A área total é de 1.008.106 metros quadrados.
Um detalhe importante: o Parque Industrial Aurélio Milioransa passou a ser chamado de Parque 1. A razão é que está sendo liberado o Parque 2, que é um terreno doado pelo município para a Conab no mandato do prefeito Airton Gomes (fica depois da cerca de eucalipto da Masutti).
Depois de algum tempo, a Conab admitiu que desistiu de construir o armazém no local e a prefeitura solicitou o terreno de volta. A devolução foi feita neste ano de 2021.
Voltando ao Parque 1, no momento tem de 12 a 15 empresas instaladas no local. No conjunto, são gerados cerca de 100 empregos no parque. Quatro famílias de empreendedores moram no próprio Parque Industrial de Cerejeiras (é permitido construir residência nos fundos da empresa).
O parque tem duas ruas e duas avenidas, todas ainda sem nome e sem pavimentação.
Até pouco tempo atrás, os restaurantes não entregavam marmita no local. Hoje, várias empresas fazem delivery de alimentação e outros serviços no Parque Industrial de Cerejeiras.
Quem tem lote no parque paga a taxa do lixo (pois foi transformada em área urbana). Por isso, os empresários têm direito ao serviço de recolhimento dos resíduos sólidos. A prefeitura busca o lixo no parque uma vez por semana.
A estrutura de eletricidade do parque é muito boa, o problema é a quantidade e a qualidade da força elétrica que chega ao complexo industrial, que é fraca e instável. A rede elétrica do parque é excelente é de baixa e alta tensão, com capacidade instalada nos transformadores de 375 kVA em todos os terrenos, mas com potencial para mais de 2 mil kVAs. O problema é que a energia fornecida pela Energisa deixa a desejar. A reportagem ouviu um empreendedor que desistiu de adquirir uma máquina moderna por causa da energia. Teve outro empreendedor do parque que contou que às vezes a força elétrica na empresa dele não passa de 90 volts.
As empresas interessadas precisam cumprir certos critérios para adquirir um terreno e se instalar no parque.
O principal critério é que a empresa seja no modelo de trabalho que não seria apropriado para a área urbana, como, por exemplo, empresas de caminhões, que demandam um espaço muito grande, ou atividades que fazem barulho ou tem algum processo industrial que pode causar algum transtorno ambiental.
Cumprido esses critérios, as empresas podem apresentar a proposta de adquirir os terrenos, que ocorrem por meio de leilões públicos.
O preço dos lotes é menor que uma área correspondente na área urbana. Um lote no Parque Industrial de Cerejeiras hoje pode sair por volta de R$ 120.000,00, por exemplo.
O Parque Industrial de Cerejeiras precisa de algumas melhorias, se possível urgentemente. Dentre essas melhorias estão: pavimentar duas avenidas (de frente e de lado) e duas ruas (pois ficam escorregadias no tempo das chuvas e com poeira na estiagem), um projeto de arborização e, principalmente, que se resolva a questão da energia elétrica. Além disso, o parque se beneficiaria também com uma assistência jurídica e financeira melhor.
O engenheiro Dilcionir Panatto, um profissional pioneiro no município e responsável pelo projeto de engenharia do Parque Industrial de Cerejeiras, explica que o local está em fase de retomada de alguns terrenos que foram adquiridos por algumas empresas, mas que essas companhias contempladas não construíram na localidade (no caso, no Parque 1). “Temos alguns terrenos nesta situação e estamos fazendo a retomada desses lotes. Assim que concluirmos este processo, mais uma nova frente de lotes estará á disposição”, diz.
O Parque Industrial de Cerejeiras é um palco onde o progresso econômico e produtivo da região está concentrado. Idealizado por lideranças empresariais visionárias e levado à prática por políticos comprometidos, o parque é hoje uma realidade.
Acima de tudo, porém, o Parque Industrial de Cerejeiras está sendo construído por empreendedores com garra, persistência e determinação.
Esses heróis foram os que viram uma oportunidade de negócios onde antes só havia uma propriedade rural tomada pelo mato.
E são esses empreendedores que farão deste local um dos maiores parques produtivos do Estado de Rondônia.