02/07/2022 às 08h37min - Atualizada em 02/07/2022 às 08h37min

Voluntários do esporte fazem a diferença e ajudam a mudar a vida de crianças e adolescentes em Cerejeiras; poder público precisa investir mais nos projetos esportivos

Escola de Futebol Cerejeiras, Associação Cerejeirense de Voleibol e Academia de Karatê Shotokan são alguns dos exemplos de esforço e dedicação de treinadores voluntários. Saiba por que o poder público deve ajudar

Rildo Costa

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Jornalista e Publicitário

Rildo Costa
Treino da Escola de Futebol Cerejeiras. Cerca de 120 crianças e adolescentes são atendidas pelo projeto. (Foto: Rildo Costa)

Basta uma simples pesquisa ou uma abordagem mais específica para verificar e constatar a importância que o esporte tem na vida das comunidades localizadas naqueles países denominados do Primeiro Mundo.

Atletas são formados desde a mais tenra idade nas escolas e nas iniciativas privadas e públicas destinadas exclusivamente ao aprimoramento físico e especialização em determinadas modalidades.

O atletismo, a natação, os esportes coletivos, aqueles de gelo e de mar, são objeto de atenção e dedicação, dada a importância que representam para a saúde da população, para a interação social, para apresentação e divulgação do país ou cidade para todo o mundo.

Alguns países são reconhecidos pela qualidade de seus atletas, como a Jamaica e Quênia na corrida, a Austrália pelos nadadores, a China pelo tênis de mesa, a Rússia pelos levantadores de peso e lançamento.

O Brasil sempre foi reconhecido pela qualidade de seus jogadores de futebol, pelos pilotos de corrida, e, mais recentemente, pelos jogadores de voleibol.

O esporte ocupa a cabeça do jovem, cria sonhos, gera o espírito de competição, provoca interação social, cria amizades, marca de modo indelével a juventude, além de afastar a juventude de coisas nefastas e negativas como as drogas, depressão, ou alheamento social. 

Em todas as cidades e comunidades, a prática do esporte deve ser constantemente estimulada e o poder público deve se empenhar na organização de torneios, manter escolinhas, viabilizar a participação em competições regionais e estaduais, criando um ambiente saudável e favorável à formação física e psicológica de sua juventude.

Em Cerejeiras existe um potencial imenso neste segmento, apesar de ainda ser mal aproveitado.

Temos destaque no voleibol feminino e masculino, sempre entre os melhores do estado, mais por abnegação e dedicação de uns poucos de que um apoio constante e organizado para que isto ocorra. O futebol de salão também já teve seus momentos de glória, assim como recentemente o judô e karatê. 

Voluntários cerejeirenses, como mostraremos mais adiante, que têm uma vida dedicada ao esporte, deviam ser melhores aproveitadas e apoiadas, o ginásio de esportes deveria ter uma utilização continua e programada, campeonatos municipais seja entre escolas, empresas, deveriam ser incentivados.

O estádio municipal Rosalino Baldin, construído em 1992 e considerado um dos 10 melhores de Rondônia, deveria ser usado para escolinhas de crianças e também para abrigar competições locais e regionais. As competições intercolegiais são muito importantes para inflar o orgulho e a identificação do aluno com sua instituição de ensino.

Mas, diferentemente de outras partes do mundo, em que a prática esportiva é profissionalizada, com atletas e treinadores com altos salários, em Cerejeiras o esporte é levado adiante por corajosos voluntários, que muitas vezes não ganham um centavo – ou às vezes até investem do próprio bolso.

O município de Cerejeiras está contemplado com alguns poucos porém corajosos voluntários do esporte.

Esses voluntários têm ganhado troféus em campeonatos regionais, estaduais e nacionais, trazendo taças e medalhas para o município.

Dentre esses voluntários cerejeirenses do esporte podemos citar quatro.

O primeiro deles, talvez o pioneiro, seja o professor Lenine José.

Educador físico e uma carreira de professor de educação física na rede estadual, Lenine é o treinador de handebol em Cerejeiras.

Aliás, não apenas treinador, mas também fundador do projeto.

Os meninos e meninas treinados pelo professor Lenine já disputaram campeonatos nacionais nos Jogos Brasileiros Escolares, enfrentando atletas de escolas de elite do Sudeste e Sul do Brasil.

Atualmente, inclusive, o time de handebol de Cerejeiras está na estrada, disputando os Jogos Escolares de Rondônia (Joer).
 

Outro voluntário que merece menção honrosa é treinador de artes marciais Everton Beatto.

Servidor de carreira da Idaron, o Sensei, como é chamado o mestre das artes marciais, idealizou e executa um projeto de treinamento de crianças e adolescentes em karatê. Everton fundou a Academia Budô de Karatê Shotokan, onde investe pesado em equipamentos para o esporte.

Os atletas da academia já ganharam vários títulos em competições regionais e estaduais e um atleta faixa-preta está se preparando para um campeonato nacional.

O policial militar Valmir Joaquim e o professor Paulo Daniel são o terceiro exemplo de voluntários que executam projetos esportivos em Cerejeiras.

A escolinha oferece apoio para cerca de 120 crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos, de ambos os sexos. A Escola de Futebol Cerejeiras, cujo nome antigo era Escolinha Furacão, tem somente um treinador, que é o professor Paulo Daniel, conhecido como Tangará. O policial militar Valmir Joaquim também é um voluntário no projeto.

Recentemente, a Família Duda, da Fazenda Sonho de Infância, patrocinou um uniforme para a escolinha.

Em agosto, jogador Bebeto, aquele mesmo da seleção brasileira de 1994, quer vir ao município para conhecer a Escola de Futebol Cerejeiras.

O quarto voluntário exemplar no esporte cerejeirense é o professor de educação física Clésio de Oliveira.

Há mais de uma década, o professor treina atletas na prática do vôlei.

Assim como os demais citados anteriormente, a equipe do treinador trouxe medalhas e taças para Cerejeiras.

Atletas que saíram da Associação Cerejeirense de Vôlei (ACV), que é o nome do projeto do professor Clésio, já jogaram na seleção brasileira de voleibol infantojuvenil e até nos jogos universitários nos Estados Unidos.
 

Esses bravos voluntários têm realizado um trabalho exemplar em Cerejeiras, muitas vezes sem reconhecimento, sem remuneração e sem apoio.

Para ser justo, é preciso reconhecer que estes projetos desportivos receberam apoios ocasionais e pontuais no decorrer da história do município.

Por exemplo, a Prefeitura de Cerejeiras já destinou recursos para bolsas para atletas de família de baixa renda na Academia de Karatê Shotokan, já investiu também na Associação Cerejeirense de Vôlei, dentre outros projetos.

O setor privado também tem feito a sua parte. A cooperativa financeira Sicoob Credisul apoia o projeto de handebol, inclusive patrocinando o uniforme oficial, e a Fazenda Sonho de Infância, da Família Duda, patrocinou recentemente o uniforme da Escola de Futebol Cerejeiras.

Mas é preciso fazer mais.

O poder público pode – e deve – investir mais no esporte.

Todos os projetos citados nesta reportagem cobram rendimento escolar dos atletas, por exemplo. Assim, na ânsia para praticar o esporte, as crianças e adolescentes se desdobram na escola, pois sabem que se tirarem nota ruim eles poderão perder a bolsa de treinamento no futebol, no vôlei, no karatê ou no handebol. É uma estratégia que os treinadores usam – e tem eficácia comprovada. Por isso, somente esta observação já justifica um investimento público.

Agora, a bola está com os gestores públicos.
 

 
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