12/01/2022 às 08h09min - Atualizada em 12/01/2022 às 08h09min

Conheça a história da professora que fundou a empresa que poderá ser o primeiro hotel colonial de Cerejeiras

Neuza Antonia Silveira viu um de seus empreendimentos ser consumido por um incêndio. Mais tarde, ela teve a ideia de investir em hotelaria. Conheça a história da fundadora do Hotel Greenville

Rildo Costa

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Jornalista e Publicitário

Rildo Costa
Neuza no jardim do Hotel Greenville. A vida dela foi cheia de dificuldades, mas venceu todos os desafios. (Foto: Rildo Costa)
Quem se hospeda no Hotel Greenville, em Cerejeiras, conhece uma mulher atenciosa e sorridente. Estamos falando de Neuza Antonia Silveira, a proprietária do estabelecimento.

Mas o que talvez pouca gente saiba é que essa mulher passou por muitos momentos difíceis para chegar até aqui.

Nascida em 1955 na cidade de Maximiliano de Almeida, no Rio Grande do Sul, Neuza morou um tempo no estado do Paraná antes de vir para Cerejeiras. Na cidade paranaense de Realeza, onde era professora, ela conheceu o marido, Clóvis Silveira, com quem se casou em 1978. O casal teve quatro filhos.

A mudança da família para Cerejeiras se deu em 1986. “Viemos todos numa Belina. Parávamos na estrada e as crianças dormiam num colchãozinho atrás. Foi uma longa viagem”, relata Neuza.

Ao chegar a Cerejeiras, o casal adquiriu uma pequena chácara, que foi trocada na Belina trazida na mudança (eles possuem a chácara até hoje). Na cidade, com a ajuda de vizinhos, Neuza conseguiu construir uma casa de madeira.

Professora desde os tempos em que morava no Paraná, Neuza tentou uma oportunidade de lecionar em Cerejeiras. A oportunidade, porém, só chegou em 1992 (na rede pública municipal) e em 1996 (na rede estadual).

Além disso, desde antes de se mudar para o município, a família já tinha um tino empreendedor. Clóvis, o marido, já tinha sido comerciante no Paraná. Foi com esta propensão para o comércio que a família começou a empreender.
“Primeiro, o Clovis começou a vender legumes e verduras na feira. Era a produção da chácara mesmo. Depois, adquirimos um bar em sociedade com o meu pai e com o meu irmão. No bar, além da bebida, colocávamos as verduras que não conseguíamos vender na feira”.

O bar durou alguns anos, até que cada um dos sócios do empreendimento decidiu seguir caminhos distintos.

Foi então que a família abriu dois negócios em diferentes setores: uma loja de confecções e uma mercearia. “A loja vendia roupa de qualidade, especialmente moda country”, conta Neuza.

Entre as idas e vindas, a mercearia, que ficava quase na esquina da Avenida das Nações com a Avenida São Paulo, acabou se tornando o Comercial Clóvis, sendo transferido para o local onde está situado até hoje, na Avenida das Nações.

Mas, no ano 2000, uma tragédia marcou a história da empresa. Um incêndio consumiu o prédio de madeira e as mercadorias do mercado. “Foi muito difícil para nós. Mas, com a ajuda de amigos, conseguimos superar e recomeçar a empresa”.

Na vida pessoal, Neuza também passou por momentos difíceis. Já em Rondônia, a filha caçula, de 19 dias de nascida, faleceu de pneumonia em Colorado do Oeste. Mas vamos deixar essa história triste para lá.

A ideia de montar um hotel em Cerejeiras foi do próprio casal. “O Clóvis dizia que tinha que arrumar alguma coisa para eu fazer”, diz Neuza. É que ela tinha se aposentado como professora. Foi aí então que em 2012 abrimos o hotel.
“Nós fizemos muita pesquisa antes de montar investir em hotelaria. Quando a gente viajava, eu e o Clóvis nos hospedávamos em hotéis para conhecer como eles trabalhavam. Às vezes a gente conversa com os donos desses estabelecimentos para saber mais”, conta a empreendedora.

Foi numa dessas viagens que, passando por Ouro Preto do Oeste, na região central de Rondônia, que o casal conheceu um hotel chamado Greenville e decidiu adotar para a empresa que estava nascendo.

A palavra “Greenville” é uma junção de dois termos estrangeiros que significam “vila verde”. E o Hotel Greenville faz jus ao nome, pois é muito harmônico com o verde da natureza. No pátio da empresa existem árvores e coqueiros. Tem também um local com cadeiras embaixo de uma planta trepadeira. “Os hóspedes gostam muito de ficar aqui. Às vezes alguns deles até trabalham aqui, pois aqui é coberto com telha e tem tomada de luz”, conta a empreendedora.

Aos poucos, o Hotel Greenville, que ocupa uma ampla área de cinco terrenos, será transformado num local de ambiente de estadia mais aconchegante que os hotéis comerciais, por assim dizer. “Tenho o plano de fazer dele um hotel colonial, mais parecido como uma pousada”, diz Neuza. “E os hóspedes já estão notando esse diferencial em nós. Eles nos dizem que somos como a segunda casa deles”.

O Hotel Greenville conta hoje com dez funcionários. Em 2012, quando abriu, eram apenas quatro. O número atual de colaborares é, na verdade, o maior da história da empresa. “A cidade de Cerejeiras tem atraído muitos visitantes. Por isso, estamos sempre investindo mais em nossa empresa e em mais gente para trabalhar conosco”, revela a empreendedora.
Quando isso ocorrer, na verdade, a empresa será o primeiro hotel colonial da cidade.

A história dessa mulher mostra que por trás de uma pessoa bem-sucedida pode existir um trajeto de lutas e adversidades. E mostra também que, quem estiver disposto a pagar o preço e persistir, poderá ajudar e acompanhar o progresso de Cerejeiras – assim como o Hotel Greenville tem crescido com o município.


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