15/05/2021 às 08h16min - Atualizada em 15/05/2021 às 08h16min

Prova viva do desenvolvimento do município, construção civil cresce mais de 70% nos últimos dois anos em Cerejeiras

Rildo Costa

Rildo Costa

Jornalista e Publicitário

Rildo Costa
Gazeta Rondônia
Prédio da Mega Imagem, no centro da cidade, tem fachada moderna e divisórias de gesso. (Foto: Rildo Costa)
No livro “Making a Modern World” (Construindo um mundo moderno, numa tradução livre), o cientista tcheco-canadense Vaclav Smill diz que o material mais comum usado no mundo é o concreto de cimento.

O cimento é o termômetro que demonstra se um país, por exemplo, está se desenvolvendo ou não. O concreto é o principal material usado pelo ser humano para implantar o progresso, para transformar o espaço em que vive e, a partir desta transformação, tirar seu sustento de vida. Por exemplo, o país que mais cresce no mundo é a China – e é também o que mais utiliza o concreto. Por isso, a construção civil se torna uma prova viva do desenvolvimento de uma localidade.

Se olharmos por este prisma, a região de Cerejeiras demonstra, incontestavelmente, que está se desenvolvendo. E está se devolvendo muito.

Segundo dados da Prefeitura de Cerejeiras, houve um aumento estrondoso número de Alvará de Construção durante a pandemia do novo coronavírus, entre os anos de 2019 e 2020. Ou seja, nem a maior crise da história brasileira impediu o avanço desta microrregião.

Em 2017, foram emitidos 99 alvarás de construção em Cerejeiras. Já em 2018, por alguma razão, houve uma ligeira queda, com 88 alvarás expedidos. Mas no ano seguinte, o gráfico voltou a virar para cima. Foram 147 em 2019 e 156 em 2020.

Transformando esses números em porcentagem, o quadro é o seguinte: em 2018, houve uma queda de 11,11% quando comparado com o ano anterior. Já em 2019 o aumento foi de 67,05% comparado com 2018. Por fim, em 2020 subiu mais 6,12%, comparando com 2019. No total, houve um aumento de 75% no número de alvarás de construção expedidos no município só nos últimos dois anos.

No mesmo ritmo, o número de Habite-se, que é o documento que libera a obra para o uso, acompanhou esta tendência de subida. Em 2017, foram 48. Já em 2018, foram 39 autorizações de obras concluídas. Em 2019 o número subiu para 45 e em 2020 foram 77 Habite-se emitidos no município. Em termos percentuais, houve um aumento de 71% de emissão do Habite-se nos últimos dois anos no município.
 


O engenheiro civil da Prefeitura de Cerejeiras, Dilcionir Panatto, profissional pioneiro em Cerejeiras, explica que o avanço da construção civil no município vai além dos números. “A qualidade das obras concluídas são muito superiores. De cinco ou seis anos para cá vemos uma arquitetura moderna sendo praticada em Cerejeiras. Além disso, o tamanho e a qualidade das obras aumentaram muito. Temos obras aqui que são gigantescas, como os galpões comerciais e secadores de grãos”, disse o engenheiro.

Além de ter um excelente padrão estético externo, as obras construídas na região de Cerejeiras têm também uma nova estética interna. “Os clientes de hoje estão querendo um lugar aconchegante para morar, que além de confortável, seja belo. Ou seja, eles veem a estética interior do imóvel como a função de gerar conforto. Hoje temos uma tecnologia que mostra o interior da obra como ela vai ficar depois de pronta e isso permite que a estética saia exatamente como o cliente quer”, disse a engenheira civil especializada em design de interiores, Luciana Viotto Milani.

Também atuando no município, o engenheiro civil Anderson Orlando, que tem um escritório de engenharia em Cerejeiras, concorda com esta análise. “Estamos construindo um novo padrão de residência na região. As casas estão maiores, mais modernas e com mais qualidade”, disse.

O avanço da construção civil na região de Cerejeiras começou a acontecer depois da chegada de duas instituições financeiras com forte vocação imobiliária para o município: a Caixa, em 2011, e o Banco da Amazônia, em 2016. “A Caixa é um banco que financeira obras residenciais e o Banco da Amazônia é uma instituição mais voltada para o crédito para obras de empreendimentos comerciais. Junto, estes dois bancos fomentaram a construção civil aqui no município”, explica Dilcionir Panatto.

As demais instituições financeiras que atuam no município também contribuem, de outras formas, para o avanço da construção civil. É o caso do Banco do Brasil e das cooperativas de crédito. “O Banco do Brasil financiou bastante construção residencial aqui em Cerejeiras, mas foi na compra de material para quem já tinha terreno”, explica Panatto.

E existem sinais de que as instituições financeiras vão aumentar as apostas neste setor. A Sicoob Credisul, por exemplo, já oferece uma linha de crédito diferenciada para o cooperado que pretende construir ou reformar. “Em dezembro do ano passado, criamos o Sicoob Edifica, uma linha de crédito para a construção civil. Temos também o financiamento imobiliário de longo prazo e consórcios imobiliários, que em breve estará à disposição. Além, evidentemente, do crédito para reforma e construção, que tem um juro menor que o do crédito pessoal, por exemplo”, disse o gerente da agência da Sicoob Credisul em Cerejeiras, Rodrigo Antonio Mattos.

Além destas instituições, o BNDES também financia construção civil na região de Cerejeiras – e de grande porte. Um exemplo é o secador da Copama, construído entre 2019 e 2020 e que custou R$ 12 milhões. A obra foi parcialmente paga pelos produtores rurais da cooperativa, cerca de 40%, e o restante, 60%, foi financiado pelo BNDES, cujo financiamento foi intermediado pela Sicoob Credisul.

Junto com este progresso da construção civil, também está aumentando os serviços especializados do setor.

“No passado, só existia dois engenheiros em Cerejeiras. Hoje são oito ou nove escritórios e ainda não dá conta da demanda, pois tem profissionais de fora que pegam obra aqui”, disse Panatto, que mora no município desde 1985.

Evidentemente, o padrão dos profissionais do ramo também subiu junto com o crescimento da construção civil. Os jovens que estão chegando agora no mercado demostram serem vanguardistas na engenharia e na arquitetura, inovando em arranjos estruturais e no aspecto estético das obras. E a região de Cerejeiras tem uma leva de profissionais do setor, de variados níveis de escolaridade e especialização, que estão fazendo a diferença. “Hoje a engenharia civil é muito mais complexa. Antigamente, quase todos os projetos eram iguais. Hoje o cliente quer um projeto único, com uma obra personalizada e diferenciada. E isso tem acontecido na região de Cerejeiras nos últimos 10 anos”, disse o engenheiro Maycon Rodrigues, que atua no município há quase meia década.


 
 
Mas não são apenas os profissionais altamente escolarizados que aproveitam este boom da construção civil na região de Cerejeiras. Aumentou muito, de igual forma, a demanda por pedreiros, pintores, serralheiros e serventes. “Houve um aumento de procura por esta mão de obra. O crescimento do número de canteiros de obras, tanto as residenciais como as comerciais, fez a demanda por trabalhadores da construção civil aumentar muito. Há dificuldades de encontrar pedreiros para as novas obras”, disse Mário Mendes, advogado de Cerejeiras, que presta assessoria jurídica de contratação de mão de obra a empregadores da região.

Além de gerar oportunidades para os trabalhadores, empreendedores também estão aproveitando este cenário de crescimento da construção civil. É o caso do empresário José Carlos Souza Freire, que fundou uma metalúrgica em Cerejeiras em 1983 e que viu a demanda pelos seus produtos e serviços subir estrondosamente nos últimos anos. “Aumentou muito a procura por estruturas metálicas para construções, como galpões comerciais e barracões agrícolas. Os clientes também estão mais exigentes, pedindo novos formatos e novos materiais e a empresa está sempre evoluindo para atender este aumento de demanda e de exigência”, disse Zé Carlos, como é conhecido. E revela: “Ainda tem muitas obras na planta que estão para sair”.

Uma enquete realizada na página “Notícias de Cerejeiras” no Instagram nos dias 11  e 12 de maio corrobora a revelação do empresário. Segundo a enquete, 47% dos moradores do município responderam que construíram nos últimos 24 meses e 75% disseram que pretendem construir ou reformar nos próximos dois anos. Apesar de a enquete não ter todo o rigor científico de uma pesquisa de campo, é muito próximo da realidade percebida no município cerejeirense, ou seja, as pessoas estão construindo e pretendem construir no futuro próximo.


 
O aumento da construção civil no município de Cerejeiras é visível. Os dados apenam confirmam as evidências. Além das modernas residências, há também várias novas obras públicas. Neste ano, por exemplo, estão sendo construídos um enorme teatro e o novo paço municipal. No campo, o progresso da construção civil se mostra na edificação de secadores de grãos, barracões agrícolas e currais leiteiros, além das obras residenciais rurais.

Todos os profissionais de engenharia entrevistados para esta reportagem confirmaram que a evolução na construção civil em Cerejeiras ocorre em pelo menos três níveis distintos mas complementares: no número absoluto de novas obras, no tamanho destas construções e na qualidade destas novas edificações.

Um exemplo deste novo perfil de obras maiores, com mais qualidade e mais modernas fica bem na Avenida das Nações, a principal via pública de Cerejeiras. A empresa Mega Imagem, de Vilhena, está construindo um moderno prédio no município. Além de ter uma fachada modera, o interior do edifício tem suas divisórias feitas 100% com gesso, um material mais maleável e com menos custos que o concreto de cimento.

O crescimento da construção civil em Cerejeiras é decorrente de duas variáveis positivas. Primeiro, a renda excedente gerada na região, que leva os moradores a construir uma residência nova, por exemplo. Segundo, os investimentos empresariais que apostam no futuro. Em ambos os casos, a construção civil deixa um rastro de empregos, gerando trabalho para funções que vão de engenheiros a pedreiros, e de renda, como é o caso das empresas do setor, como lojas de materiais de construção, olarias, depósitos de areia e metalúrgicas.

Como bem observou o cientista tcheco-canadense Vaclav Smill, o material mais usado no mundo é o concreto. As estruturas da construção civil não são somente as mais usadas pelo ser humano, mas são também o sinal do desenvolvimento de um povo. O progresso das pessoas chega através da construção de casas, escolas, hospitais, além das edificações industriais e comerciais. É o rastro do progresso. E no município de Cerejeiras as pegadas deste rastro estão por todos os lugares.


 

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