Jornalista e Publicitário
O produtor Marcelo Vendrusculo recebendo a máquina nova que adquiriu. O avanço tecnológico veio firmado nos valores que herdou do pai. (Foto: Rildo Costa)O produtor rural José Vendrusculo, conhecido como Zelão, tem 68 anos. Morando na área urbana de Cerejeiras, ele não está mais trabalhando de forma integral na agricultura. Passou a propriedade da família para os dois filhos, Marcelo e André, que cultivam soja e milho na Linha 6, também no município de Cerejeiras.
A história do produtor Zelão e os filhos mostram uma transformação que vem ocorrendo na região de Cerejeiras. “No meu tempo, a agricultura era diferente. A gente plantava apenas para colher. Hoje a cultura é um negócio de risco, em que você enterra dinheiro para depois tirar dinheiro da terra”, conta Zelão.
Apesar de não estar presente no dia a dia da propriedade, o produtor pioneiro em Cerejeiras ajuda os filhos no que pode. Na safra de milho no início deste ano, por exemplo, Zelão transportou a produção da propriedade para o secador da Copama, conforme mostra uma das fotos que ilustram esta reportagem (a foto foi tirada na época). Hoje a família já vendeu o caminhão, mas ele ajuda em outras frentes. “De vez em quando o telefone toca e eu vou correndo para resolver alguma coisa para eles lá”, conta Zelão.
Aqui, no entanto, cabe uma constatação.
É verdade que a agricultura está evoluindo e que uma nova leva de jovens produtores rurais está promovendo esta transformação.
Por outro lado, a transformação proporcionada pela nova geração de produtores rurais está firmada em valores herdados dos antepassados. Ou seja, estamos falando de progresso na agricultura, não na mudança de uma agricultura “atrasada” para outra “moderna”, mas sim de um avanço de uma agricultura boa para outra excelente.
Por exemplo, o produtor Zelão conta que sempre praticou o princípio do bom uso do dinheiro na família. “Minha esposa é daquelas que faz milagre com 10 reais. E ela ensinou os filhos a usar bem o dinheiro”, conta, referindo-se a companheira de décadas, a Dona Lídia, também com 68 anos.
O produtor Marcelo Vendrusculo, filho de Zelão, está hoje aplicando mais evolução na agricultura. Mas todas as transformações que ele e o irmão estão implantando na atividade é fruto de uma herança de valores e princípios que os dois herdaram dos pais.
Por exemplo, o cooperativismo é uma frente de evolução que está ajudando os produtores rurais a transformar a agricultura na região de Cerejeiras. Tanto as cooperativas financeiras, como a Sicoob Credisul, tanto as agrícolas, como a Copama, estão oferecendo aos produtores uma segurança e um suporte maior para que eles possam fazer o que sabem fazer de melhor: produzir.
Mas o cooperativismo não é uma transformação nova. O produtor Zelão, entrevistado no início desta reportagem, por exemplo, conta: “O meu pai foi fundador de duas cooperativas no Paraná, uma delas a Coopavel”.
Hoje, os filhos dele, Marcelo e André, participaram de cooperativas. Marcelo é um dos investidores do secador da Copama e André foi um dos primeiros técnicos da cooperativa (ele é agrônomo de formação).
Ou seja, os valores cooperativistas praticados na região de Cerejeiras têm raízes profundas que remontam há décadas.
Em meados deste ano, Marcelo e o irmão adquiram uma colheitadeira nova. A compra foi concretizada através de uma linha de crédito intermediado pela Sicoob Credisul junto ao Bancoob. Uma das fotos que ilustram esta reportagem foi tirada na semana em que o produtor recebeu a máquina e teve a visita do gerente da agência da Sicoob Credisul em Cerejeiras, Rodrigo Antonio de Mattos, e duas colaboradoras da cooperativa.
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A participação nos dias de campo também faz parte da evolução do produtor rural. Os eventos tecnológicos promovidos pelas empresas de representação, por empresas de pesquisa como o CPA e pela Copama atraem visitas de produtores de soja e milho da região de Cerejeiras.
Os irmãos Demarco também interagem com a plataforma cooperativista, sendo, inclusive, investidores da unidade de armazenamento e secagem construída em 2020 pela Copama no município de Cerejeiras.
“A profissionalização dos produtores foi proporcionada por preços mais justos pagos ao produtor. Com isso, o agricultor teve condições de investir mais na atividade. Além disso, as cooperativas tornaram viável o negócio do produtor. A cooperativa dá segurança à atividade, gerando mais renda ao produtor”, diz Claudiney Demarco.
O irmão dele, Eugênio Demarco, também vai na mesma linha de pensamento. “O cooperativismo é trabalhar em conjunto. Nas cooperativas o produtor tem mais voz, tem mais poder de decisão”, diz.
Sobre a profissionalização do produtor, Eugênio explica que não há outra saída a não ser evoluir. “É uma necessidade investir em tecnologia hoje em dia, pois o avanço tecnológico proporciona mais controle na redução de custos e no aumento da produtividade, o que melhora a rentabilidade para o produtor”.
Assim como os irmãos Vendrusculo, os irmãos Demarco também contam que o engajamento no cooperativismo não é uma coisa nova. “Meu pai já fazia parte de cooperativa no Paraná. Chegando aqui, eu e meu irmão nos tornamos cooperados de cooperativas de crédito e de produtores”, conta Eugênio Demarco.
A agricultura na região de Cerejeiras está em franco desenvolvimento. E este desenvolvimento está sendo causado por produtores rurais que investem na profissionalização de suas atividades.
No entanto, este avanço dos produtores de soja e milho da região de Cerejeiras está firmado em valores que herdaram de seus pais. Ou seja, a evolução acontece hoje porque lá atrás os veteranos deixaram um ensinamento de amor ao trabalho, de apego ao progresso e, acima de tudo, ensinaram que é importante ter vontade para fazer as coisas de forma cada vez melhor.
A evolução que acontece agora é antiga. Ela vem de outras épocas e de outros lugares.
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