12/03/2022 às 09h38min - Atualizada em 12/03/2022 às 09h38min

Em visita a Cerejeiras, governador constata imenso potencial do município e toma ciência dos gargalos logísticos da região

Em entrevista para o autor desta coluna, Marcos Rocha afirma que Bolsonaro prometeu duplicar a BR-364. Agora o governo estadual poderia pavimentar rodovias de escoamento de grãos na região de Cerejeiras. Aqui vão algumas singelas propostas.

Rildo Costa

Rildo Costa

Jornalista e Publicitário

Rildo Costa
Governador em um dos eventos do governo. Marcos Rocha confirmou asfaltamento de trecho da “Rodovia do Boi”. (Foto: Governo de Rondônia/Secom)
O governador de Rondônia, Marcos Rocha, esteve em Cerejeiras no último dia 10.

Em entrevista ao autor desta coluna, perguntei ao governador sobre um assunto que é muito importante para a região de Cerejeiras – especialmente para o agro.

Perguntei a ele sobre os projetos do governo estadual para solucionar o gargalo logístico da região de Cerejeiras. Por exemplo, perguntei sobre o andamento do asfaltamento da R0-370, chamada “Rodovia do Boi”, que vai de Corumbiara a São Felipe, passando por Vitória da União. Quis saber também sobre algum plano de pavimentação da rodovia que liga Cerejeiras a Chupinguaia.

Apenas para explicar o sentido das perguntas abordadas com o governador, qualquer uma dessas duas rodovias ajudaria muito se fosse pavimentada. Nos dois casos, o escoamento de grãos na região de Cerejeiras seria beneficiado por colocar mais áreas produtivas com acesso aos canais logísticos pavimentados. A pavimentação da “Rodovia do Boi” seria um projeto mais caro e mais longo, mas a pavimentação da rodovia entre Cerejeiras e Chupinguaia seria mais barato e mais curta – com a vantagem de tirar Chupinguaia do isolamento de fim de linha.

O governador respondeu que já está em processo de licitação um trecho de 20 quilômetros da “Rodovia do Boi”. A etapa beneficiada seria entre Corumbiara e Vitória da União.

Mas o foco do governador em termos de rodovia parece ter sido outro, pelo que foi possível sentir na entrevista. O foco dele parece ser a BR-364.
 
“Na campanha passada, estive pessoalmente na casa do presidente Bolsonaro e ele me perguntou qual rodovia em Rondônia eu gostaria que tivesse a ajuda dele. Eu respondi que gostaria de ter a duplicação da BR-364”, disse o governador na entrevista.

E continuou: “Então o presidente me prometeu a duplicação, por meio de uma concessão. Vamos pagar um pouco de pedágio no futuro, mas vamos salvar vidas”, disse.

A manutenção ou qualquer obra na BR-364 é responsabilidade do governo federal. E, ao que parece, a duplicação com a concessão irá sair do papel.
É elogiável a atitude do governador em se preocupar com esta rodovia federal e pedir a duplicação dela.

No entanto, seria muito oportuno e interessante que, já que a BR-364 ficará a cargo do governo federal, que o governo estadual foque nas rodovias estaduais. É algo muito lógico e óbvio, inclusive.

Levando em conta todas as áreas produtivas de Rondônia, não vejo outra região do Estado com mais necessidade – e com mais chance de gerar dividendos para o governo e a sociedade – que fazer a pavimentação das rodovias da região de Cerejeiras.

Convém recapitular. A região de Cerejeiras é palco de uma área produtiva de mais de 185 mil hectares de soja e 140 mil hectares de milho. A cada safra da oleaginosa, por exemplo, um montante de mais de 1,5 bilhão é gerado na região. Fora a produção da pecuária, que chega a 1 milhão de cabeças de gado.

Toda essa produção gera, inclusive, um montante de imposto incalculável para o governo estadual. A produção agrícola demanda um alto consumo de combustível, o que gera receitas em ICMS para o Estado. As obras nas rodovias, portanto, seria um retorno deste investimento que o produtor rural já fez no governo.

Estamos em plena safra de soja na região de Cerejeiras, que hoje vem atingindo na média geral uma boa produtividade das lavouras, bem superior à média nacional, e o movimento intenso gerado pelo vai e vem das máquinas e caminhões, assegura progresso, riqueza e desenvolvimento, mas também faz ressaltar alguns problemas que devem ser solucionados para que não haja no futuro um estrangulamento nos mecanismos de produção e comercialização.

Perfeitamente previsível que a região já nesta próxima safra irá vivenciar uma nova expansão de área plantada, pois muitas que hoje são ocupadas por pastagem ou semiaproveitadas vão ser incorporadas ao sistema agrícola de produção. 

A necessidade de ampliação dos armazéns e secadores é evidente, e, apesar de terem ocorrido vários investimentos neste segmento, não tem conseguido acompanhar o passo acelerado da produção. 

Os armazéns e as estruturas das traders Amaggi e Cargill nesta safra comprovaram sem sombra de dúvida que já não são suficientes para acolher parte significativa da colheita da região, necessitando urgentemente de ampliação ou modernização, além de incorporação de maior contingente de pessoal, pois em períodos passados, mesmo com volume inferior, ambas trabalhavam em período elástico na época de colheita. 

O preço pago pela soja na região de Cerejeiras, sempre inferior àquele pago para os produtores do Mato Grosso, não obstante a maior proximidade do porto, também não tem explicação razoável ou aceitável, sendo um ponto muito questionado pelos agricultores.

Nesta safra também está havendo uma maior procura e necessidade de caminhões, não obstante muitos motoristas terem se deslocado de outros estados para fazer a safra na região. Na outra ponta os produtores identificaram também em seguidas queixas a carência de alguns serviços específicos para a não interrupção das atividades e também na assistência a maquinários e implementos, mas estas demandas já estão sendo visualizadas por empresários de outras regiões de Rondônia e de outros estados que já constataram que devem investir para abocanharem parcela dos resultados do desenvolvimento. 

A Copama, assim como outros produtores de maior porte, já fazem estudos e previsões para prosseguirem nas ampliações de suas unidades de armazenamento e secagem, cientes da urgência que isto representa.

Mas o aspecto a ser destacado por esta coluna neste contexto da colheita e mirando o futuro breve, é a questão da logística, conforme foi abordado com a conversa deste autor com o governador Marcos Rocha. 

É inadmissível que até o momento não haja um projeto em andamento para o asfaltamento da rodovia que liga Cerejeiras a Cabixi, que inclusive recebeu um trabalho de elevação e alargamento em alguns trechos que favoreceu muito para sua manutenção, bem como a abertura , realinhamento e alargamento da rodovia que liga Cerejeiras a Chupinguaia, que incorporaria imensa área hoje bastante esquecida, tiraria Chupinguaia da condição de final de linha, além de encurtar bastante a distância para Porto Velho.

Considerando um traçado elaborado com técnica, cortando as curvas e desvios inúteis, de Cerejeiras a Chupinguaia haveria uma distância de 80 quilômetros que somados aos 55 de asfalto já existentes até o Posto Guaporé, totalizariam 135 para que o veículo já estivesse a 90 quilômetros de Pimenta Bueno, ao passo que hoje só para chegar ao trevo de Vilhena, é necessário percorrer 110 quilômetros.

Não se pode esquecer também que a rodovia para Cabixi viabiliza a ligação da região de Cerejeiras até Sapezal, abrindo um novo canal logístico de grãos.

Acredito que, por estarmos em ano eleitoral, estes aspectos passarão a merecer bastante atenção dos políticos já com mandato e aqueles que almejam conquistar uma cadeira para o ano que vem.

Pense nisso, governador!

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